Dependentes.com
Por Andrea Guedes
Um distúrbio moderno, fruto de um mundo tecnológico, a dependência da internet já afeta um batalhão de cerca de 50 milhões de pessoas em todo o mundo. Calma, você não vai aumentar esta estatística porque está lendo esta matéria e navegando já há algumas longas horas. Paradoxalmente, a própria rede ajuda a tratar o vício.
Não é o tempo de conexão que determina a dependência, explica a psicóloga Andréa Jotta Ribeiro Nolf, do Núcleo de Pesquisa de Psicologia em Informática da PUC de São Paulo. Segundo ela, existem duas formas de se usar a rede: a criativa e a restritiva ou nociva.
No primeiro caso, o indivíduo insere a internet em sua rotina. Ou seja, trabalha, pesquisa, bate-papo com os amigos, vê e-mails, sem deixar de fazer nada em sua vida por conta disso. Já o uso nocivo se caracteriza quando a pessoa chega em casa, por exemplo, e se conecta, sem conversar com o cônjuge ou os filhos. Deixa de sair, de comer, de conviver com os amigos em função da rede. Até o trabalho é prejudicado, quando o tempo é gasto em blogs, fotologs e outros sites.
Conforme explica a psicóloga, não há um perfil do dependente, nem algo específico que ele busque na rede. Apenas os rapazes entre 15 e 25 anos têm mais tendência a se viciar em jogos online e pornografia, como o caso de um dos estudantes atendidos por Andréa. O hábito de acessar a internet de madrugada em busca de sites pornográficos começou a prejudicá-lo na escola e na vida social, já que quase não saía mais com os amigos.
Na faixa acima de 50 anos, porém, os casos de dependência são menos freqüentes. "O que temos percebido é o aumento de pessoas nessa faixa etária acessando a internet e fazendo o uso positivo dela, já que eles buscam a rede para conversar com filhos distantes ou fazer cursos online. E a maioria dos e-mails que chega ao núcleo, de pessoas com mais de 50 anos, são de pais preocupados com os filhos", destaca Andréa.
Criado há 15 anos, o núcleo oferece atendimento e orientações via e-mail sobre todos os problemas relacionados à informática, desde traições virtuais à dependência da internet. Nesse último caso, os terapeutas trocam oito e-mails com o paciente, para caracterizar se de fato existe o vício. Em caso afirmativo, começa o atendimento presencial e individual. "Na conversa por e-mail, conduzimos o indivíduo a tomar consciência de que existe uma lacuna em sua vida que está sendo preenchida pela internet. E, em alguns casos, apenas essa conscientização já atua de forma positiva, diminuindo o acesso à rede", aponta Andréa.
Portanto, se há alguma suspeita de dependência, o ideal é procurar ajuda profissional. O Núcleo de Pesquisa de Psicologia em Informática (NPPI) da PUC de São Paulo oferece orientação por e-mail, e caso seja necessário, indica um tratamento terapêutico na cidade do paciente.
http://www.maisde50.com.br/artigo.asp?id=6471
Psicóloga, Professora e Pesquisadora da Interface Ser Humano, Tecnologia, Informação e Comunicação da PUC/SP desde 2005. Compõe a equipe do Janus - Laboratório de Estudos da Psicologia, Tecnologia, Informação e Comunicação da PUC-SP. Leciona, pesquisa e palestra sobre o que vem acontecendo com o ser humano, as mídias tradicionais, a sociedade e as ferramentas tecnológicas contemporâneas, como a internet, sites de relacionamento, redes sociais, comunicadores instantâneos entre outros.
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