quarta-feira, 15 de abril de 2015

Viver sem censura - Andréa Jotta - abril 2015

Viver sem censura

Brigamos tanto pela queda da censura, mas esquecemos de que crescemos dentro de seus limites. Dentro dos confortáveis limites impostos de fora para dentro, e agora? Como enfrentar as dificuldade em educar as futuras gerações, uma vez que parece caber as famílias, aos pais, aos amigos, essa criação interna de limites? Como fazer para colocar para fora de nós, de maneira coerente, saudável e principalmente, com bom senso, em um mundo onde tudo pode? Quem tem coragem de dizer, não? De dizer, isso não é para sua idade? De dizer ok, entendo sua frustração, não poder, ter que esperar a idade apropriada, é chato mesmo. Cadê a coragem de crescer? De se ver no papel que antes era do seu pai ou da sua mãe, muitas vezes fazendo igual a eles?
E a coragem de ver que enquanto os filhos crescem, envelhecemos nesse percurso. E que ok, tomemos consciência de que se seus pais, hoje são avós, abriu-se um lugar e educar faz parte dos prazeres e dos ócios, desse lugar, de pais e responsáveis.
É mesmo complicado, quando as crianças crescem, e vão entrando em contato com outras famílias, que hoje em dia, são cada uma de um jeito.
O que então será que pode ver na televisão, na internet?
Ninguém mais proíbe nada nesse mundo? Não, o contemporâneo, assim como a internet, é mundo livre, as proibições são internas, vem das nossas regras internas e em ultima instancia, da nossa ética e do nosso caráter.
Mas e as crianças? A principio a regra é clara, sem muito psicologues, e vale pra tudo, desde filmes de vídeo, TV,  games violentos, ou sites de internet. EXISTE UMA CLASSIFICAÇÃO ETÁRIA.
Resolução tão simples, que muitas vezes, quanto mais "descolados" e “amigos” os responsáveis querem ser, mais literalmente descolados, da realidade, eles podem acabar se tornando.
Muitas vezes trazer o básico, o simples, o que funciona com os mais “humildes”, pode trazer a tona, um senso de realidade, uma "noção", um "si toqueis"..rs, que pode acabar sendo, mais saudável pra essas relações “sem muita intimidade”, como os pais da escola ou do clube. Mas que pode levar os responsáveis pelas crianças a influenciar, algumas vezes até negativamente, as opções de amizade delas. Isso sim, podendo trazer alguma influencia emocional mais significativa para essa. Traduzindo: as mães podem querer evitar o contato, ou rejeitar convites dessa ou daquela família, por esses terem posturas menos condizentes, com que eles acham aceitáveis, ou não. Esquecendo que a criança em questão, nesse momento em que ainda é pequena, tem tanta responsabilidade pela escolha do filme, quanto seus amiguinhos. Mas  no mundo restrito deles, crianças, onde tudo é começo, afastar amiguinhos sem motivos relevantes para eles, pode sim, ser bem mais significativo que ver por exemplo, um filme ou um conteúdo, que provavelmente nem entenderiam muito.
Voltando para soluções concretas, muitas vezes vale ficar no básico.
No estatuto da criança e do adolescente existe uma classificação etária e uma explicação do porque essa acontece. E lembremos, de como essas leis e estatutos são desenvolvidos, e do quanto de estudos e pesquisas em diversas áreas, eles envolvem.
Psicologicamente falando, as classificações existem por motivos plausíveis, e de fácil consideração ( que não, só inocentar a empresa desenvolvedora do conteúdo de futuros problemas, caso aja alguma consequência legal, embora não devamos ignoras a existência desse fato).
No caso das crianças, elas conseguem compreender, e apreender, a  realidade a sua volta a partir do seu amadurecimento, que parte é pessoal, parte é do meio onde vivem. Por exemplo, falar que uma criança do morro, aliciada pelo trafico, é violenta por conta dos games, pode chegar a beira do ridículo. No país em que vivemos, onde importamos patologias, as vezes, é preciso relativizar as coisas.
No caso de crianças, normalmente uma andorinha não faz verão, ou seja, um filme, uma cena, um dia, uma festa, podem facilmente passar despercebidos, ou criarem alguma curiosidade que se respondida com sinceridade, só venha a fazer nexo na cabecinha deles, daqui a alguns anos.
São as experiências mais comuns, quase diárias, cotidianas, com certa regularidade, que acabam sendo, como chamamos "introjetadas". É a influencia da novela das oito, assistida com a família, empregada ou sozinha, todos os dias. A musica ouvida com frequência, as brigas ou discussões por conta do comportamento dos pais, em relação a seus parceiros dentro e/ou fora do casamento, via no whatsapp, tinder. Os xingamentos, e ou preconceitos pelo facebook, e outros mil comportamentos desse tipo, que podem influenciar o desenvolvimento e trazer consequências emocionais e comportamentais as crianças.
Voltando as classificações etárias, o estatuto da criança e do adolescente é bem didático nessa classificação:
Livre - Não expõe crianças a conteúdos potencialmente prejudiciais.
Não recomendado para menores de 10 anos - Conteúdo violento ou linguagem inapropriada para crianças, mesmo em menor intensidade.
Não recomendado para menores de 12 anos - As cenas podem conter agressão física, consumo de drogas e insinuação sexual.
Não recomendado para menores de 14 anos - Conteúdos mais violentos e/ou de linguagem sexual mais acentuada.
Não recomendado para menores de 16 anos - Conteúdos mais violentos ou com conteúdo sexual mais intenso, com cenas de tortura, suicídio, estupro ou nudez total.
Não recomendado para menores de 18 anos - Conteúdos violentos e sexuais extremos. Cenas de sexo, incesto ou atos repetidos de tortura, mutilação ou abuso sexual.

Muitas vezes discutir, em assembleias ou reuniões de pais, sem caça as bruxas, as informações mais básicas, como essa classificação, podem trazer informações e reflexões, que façam sentido a essas mães, pais ou responsáveis, sem que se rotulem o externo como "repressor", assim podendo ignora-lo com mais facilidade.

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