Psicóloga, Professora e Pesquisadora da Interface Ser Humano, Tecnologia, Informação e Comunicação da PUC/SP desde 2005. Compõe a equipe do Janus - Laboratório de Estudos da Psicologia, Tecnologia, Informação e Comunicação da PUC-SP. Leciona, pesquisa e palestra sobre o que vem acontecendo com o ser humano, as mídias tradicionais, a sociedade e as ferramentas tecnológicas contemporâneas, como a internet, sites de relacionamento, redes sociais, comunicadores instantâneos entre outros.
terça-feira, 30 de outubro de 2012
Apego exagerado ao celular não é doença, criticam especialistas
CAPA
Apego exagerado ao celular não é doença, criticam especialistas
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
DE SÃO PAULO
30/10/2012
Cresce a popularidade do termo "nomofobia", mas o distúrbio não é catalogado.
Em geral, a dependência de celular é enquadrada como transtorno do controle dos impulsos, ao lado de outras patologias, como piromania ou tricotilomania (arrancar os próprios cabelos).
Essa classificação como transtorno do impulso é "um pouco forçada" na visão de Andrea Jotta, do Núcleo de Pesquisas da Psicologia em Informática da PUC-SP. "Há diferenças entre vícios em jogos, compras ou tecnologia. Não há como patologizar o vício em tecnologia só por conta do acesso", diz.
Essa pesquisadora não usa "vício", e sim "hard uso". E explica: "Não há como dizer que há vício puro em tecnologia no Brasil: ele aparece associado a outras doenças".
Jotta considera "precipitadíssimo" tratar alguém por esse vício. "É complicado falar que o vício em tecnologia é doença, nem sei quais características seriam citadas nesse diagnóstico", diz.
Segundo ela, até hoje não surgiu, no núcleo de pesquisas, uma só pessoa viciada em celular. "Em pelo menos cem casos, o uso exagerado da tecnologia surgiu como sintoma, não como causa. A pessoa tem depressão, dificuldade no trabalho e ocupa a lacuna com tecnologia."
No entanto, é possível que o transtorno apareça no próximo DSM (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, que deve ser publicado em maio de 2013), segundo Cristiano Nabuco, que coordena o Grupo de Dependência de Internet do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de SP.
"As pessoas ainda não se deram conta de que é problema de saúde pública", diz ele.
O psicólogo prepara, com a pesquisadora americana Kimberly Young, livro no qual revisam a literatura científica que trata da dependência de celular incluindo casos que, na maioria, aparecem ligados com depressão, fobia social ou transtorno bipolar.
"Dependente de celular sofre mais de ansiedade, frustração e irritação do que o de internet. Tem transtornos menos duradouros, mas impactantes", compara Nabuco.
COLA SOCIAL
Um fator-chave dessa dependência seria a sensação de conexão e proteção que o celular oferece. "Dá senso de pertencimento, funciona como cola social", diz Nabuco.
Já o psicanalista e pesquisador Roberto Calazans, da Universidade Federal de São João Del Rei (MG), critica a classificação do apego ao celular. "Antes de sair catalogando toda e qualquer manifestação de época como sintoma, doença ou transtorno é preciso avaliar que função esses novos eventos têm na vida de um sujeito", diz.
Ele questiona o fato de partidários da noção de transtorno mental o definirem mais como a perturbação de uma ordem sem se questionarem sobre o papel desse sintoma no funcionamento da pessoa. "Desse modo, vemos fenômenos como a timidez, o uso de celulares e o consumo de cafeína serem patologizados."
(DENISE MOTA E JULIANA VINES)
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Jornal da Cultura 0219
Sobre filmar ao invés de socorrer, segundo comentário do Cortella (@cortellaoficial) um desvio de conduta corrigivel, não uma ilusão de óti...
-
Leia o texto Os Filhos da Era Digital, disponível no site da Revista Época e debata com seus colegas as segujntes questões: a. Como o uso d...
-
Televisão, vídeo games, MP3, ipod´s, DS, PSP, Celulares e Computadores. Do vídeo game ao computador: desde então, vendo tv ou baixando music...
-
Sobre filmar ao invés de socorrer, segundo comentário do Cortella (@cortellaoficial) um desvio de conduta corrigivel, não uma ilusão de óti...
Nenhum comentário:
Postar um comentário