terça-feira, 16 de novembro de 2010

Jornal do SBT Noite Exageros em internet ou SMS viciam em drogas, álcool e sexo publicado em 16/11/2010 às 09:09

GLOBONEWS - Debate discute uso de internet pelos jovens

Bullying Virtual - Navegar na internet nem sempre é divertido

Bullying Virtual
Navegar na internet nem sempre é divertido
Larissa Drumond

O mundo virtual é interessante por proporcionar muitas fontes de conhecimento, possibilitar que você volte a ter contato com amigos da infância e conheça pessoas, músicas, artistas e lugares; mas, o mesmo espaço destinado à diversão e ao entretenimento pode se transformar num meio de infernizar a vida dos outros.

Bullying virtual – ou cyberbullying – é o nome que se dá para a humilhação por meios eletrônicos, seja por e-mail, por rede de relacionamentos ou por conversas instantâneas, anonimamente ou não. “É preciso entender que para se estabelecer um caso de bullying, a depreciação deve acontecer por um longo período de tempo, a ponto de a vítima acreditar que o mundo também tem a mesma opinião que o agressor”, explica Andréa Jotta Nolff, psicóloga do Núcleo de Pesquisas da Psicologia em Informática da PUC-SP.

Entretanto, não é sempre que humilhações pela internet são consideradas crime. “A Polícia Civil só atua a partir do momento em que podem ser configurados ameaça, crime contra a honra – como calúnia e difamação injustificada –, além de meios eletrônicos que incitem o suicídio e a prática de crimes, como destruição de objetos [delito de dano] ou difusão de brigas e confusões”, explica José Mariano de Araújo Filho, delegado do Departamento de Investigações sobre Crime Organizado (DEIC).

Realidades do mundo virtual
Beatriz Maciel, 16 anos, é amiga de uma menina muito popular na escola e, talvez por esse motivo, fizeram comunidade e perfis falsos com o intuito de atacá-las. “Rolaram xingamentos e acusações de coisas que nós nunca fizemos. Quanto mais pessoas se juntarem para denunciar, o perfil é excluído pelo Google, então, colocamos as contas falsas no nosso perfil para que os amigos nos ajudassem”, lembra.

Os anônimos a xingavam sem pudor e falavam que sua popularidade no colégio acabaria cedo ou tarde. “Eu imagino quem tenha feito tudo isso, mas eu não posso acusar alguém sem saber a verdade. Só gostaria de entender por que existem pessoas capazes de escrever coisas tão horríveis. É triste saber que alguém o odeia tanto a ponto de perder seu próprio tempo criando um perfil falso”, divide.

Quando Erika Jodas, 21 anos, estava no terceiro ano do Ensino Médio, ela e algumas amigas se tornaram alvos de brincadeirinhas de mau gosto de algumas meninas do colégio. Não satisfeitas, os xingamentos, que começaram no âmbito escolar, pararam numa comunidade do Orkut. “O curioso é que eu mesma me chamava de ‘leãozinho’ carinhosamente, porque meu cabelo é armado e enrolado; mas, elas aproveitaram o apelido para me insultar. Eu ficava muito magoada, não pelo apelido, mas por elas pegarem bem no meu pé. Eu comecei a me sentir excluída e a me perguntar ‘por que eu?’”

Freud explica
O agressor precisa sentir que exerce poder sobre os outros, além de querer ganhar prestígio e atenção. Ninguém tem coragem de detê-lo, muito menos de defender o agredido, devido ao medo de ser a próxima vítima. “Geralmente, os adolescentes que cometem o bullying são muito críticos na percepção pessoal. Eles vestem uma barreira protetora em torno de seus defeitos que os tornam capazes de enxergar com muita facilidade onde mora a baixa autoestima do outro”, explica a psicóloga Andréa.

Por incrível que pareça, os depreciadores, na maioria das vezes, têm características muito próximas de quem está sendo incomodado e fazem isso justamente por sofrerem em outros relacionamentos. “Esses jovens são repreendidos constantemente pelos pais por meio de abusos verbais e repetem esse tipo de comportamento nos mais fracos, ainda mais por internet, que parece ser um mundo livre, sem consequências e, por isso, muito mais fácil de se expor”, esclarece a profissional.

“Eram xingamentos que nenhuma menina gostaria de receber. Contei aos meus pais e eles me apoiaram a todo o momento, falando para eu não me deixar levar com o que escreviam”, revela Beatriz. A garota teve confiança nos pais para compartilhar sua situação constrangedora, mas não é o que os adolescentes fazem normalmente pelo receio do que pode lhes acontecer. Andréa afirma que os pais acreditam que resolverão o problema ao tirar o computador do filho. “Dessa forma, o jovem fica sem saber se ainda está sofrendo de cyberbullying e perde o controle da situação. Ele tem medo de ser mais punido ainda”.

Mãos à obra
Se os pais forem comunicados e o caso consistir em algum delito, é recomendado ir a alguma delegacia, relatar o ocorrido em qualquer unidade policial para que seja instaurado um inquérito e comece a apuração. “Seja site, e-mail ou rede de relacionamentos, é preciso levar as ameaças impressas e salvas em disquete, CD ou pen drive à qualquer delegacia para coleta e rastreamento do agressor”, explica o delegado José Mariano. O fato de não ter autoria não é caso impeditivo para o prosseguimento da operação. “Sempre há vestígios por causa do IP [números que representam o local do computador], então fazemos um trabalho de investigação até chegar ao endereço do meio eletrônico do responsável, que pode cumprir pena de dois a oito anos, dependendo do crime”, conclui.

Solução
Os adolescentes costumam ter amigos apenas na escola, no clube ou em cursos que frequenta, até pela dificuldade de locomoção, diferentemente dos adultos. A psicóloga Andréa diz que, para evitar o cyberbullying, o adolescente precisa fortalecer sua autoestima e aumentar os seus referenciais de acesso, que são as pessoas com quem se relaciona. “Se o bullying virtual já o atingiu, o melhor é se afastar e observar outros meios, ter amigos em diversos lugares e entender que aquela é a opinião de um grupo específico, não do resto do mundo”.

A fantástica fabrica de chocolates virtuais - Cyberpsicologia - Vyaestelar

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Entrando numa fria Jogo virtual animado por pinguins estimula o consumo infantil

terça-feira, 28 de julho de 2009

Entrando numa fria
Jogo virtual animado por pinguins estimula o consumo infantil

Renata Cabral



TROCA No Club Penguin, os pontos ganhos são transformados em moedas
Uma cidade virtual cheia de pinguins simpáticos e desajeitados está deixando crianças eufóricas e colocando os pais numa "gelada". O jogo Club Penguin, da Walt Disney, lembra o adulto Second life no exercício da interatividade. Mas, no site dos pinguins, ambiciona-se comprar iglus, decoração para o seu interior, roupas e até espaço vip em eventos e festas. Pode-se brincar de graça, mas a navegação é bem limitada.

A versão completa do jogo, e paga, é que é legal: tem festas e catálogos com produtos restritos para quem desembolsa, no cartão de crédito, R$ 8,90 por mês. Quem não assina, recebe mensagens interditando a entrada em determinadas áreas e convive com a frustração de não ter os mesmos privilégios. Mas não é no valor da mensalidade que o dinheiro escoa e sim na compra de acessórios e produtos. Como se vê, atrás da figura carismática do pinguim, há um negócio rentável e um aprendizado capitalista.

"Infelizmente, esse é o modelo que mais se vê no mundo virtual: eles jogam a isca e depois cobram", constata a designer e antropóloga carioca Zoy Anastassakis, 35 anos, que cedeu aos apelos da filha Mina, 7 anos, e fez uma assinatura do Club Penguin. Há poucas semanas, sua casa foi palco de uma crise que a assustou. Uma colega da filha caiu em prantos porque o pinguim dela estava "pelado", como disse. A menina revoltou-se contra a mãe que não tinha lhe dado, ainda, o pacote de mensalidade. "O jogo tem seus méritos, é bastante criativo e engraçado", avalia a psicanalista Lulli Milman, do Instituto de Psicologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. "Mas acenar com uma ilusão, uma amostra de algo que a criança talvez não possa ter, é algo nefasto."


MEU MUNDO É UM IGLU As amigas Victoria e Renata brincam com os puffles, bichos de estimação dos pinguins. Antonio prefere colecionar exemplares
O sucesso do jogo, voltado para crianças de 6 a 14 anos, é tão grande no Brasil que o Club ganhou, em novembro, uma versão em português, graças a uma intensa campanha dos usuários brasileiros, que somavam meio milhão na ocasião. Um deles é o carioca Antonio Pedro, 11 anos, que tem uma coleção de 16 pinguins originais (que custam cerca de US$ 10 cada). O pai, o designer de interiores carioca Leonardo de Magalhães Pinto, 41 anos, controla o tempo que o filho passa plugado, mas aprova a brincadeira. "Não acho caro e me pareceu inofensivo", disse.

Os criadores defendem a criatura. "Damos a eles um lugar para aprender e praticar a administração do dinheiro, onde uma decisão mal tomada não tem uma repercussão tão rígida quanto no mundo real", justifica o canadense Lane Merrifield, vicepresidente- executivo da Disney Online Studios. Para a psicóloga Andréa Jotta, do núcleo de pesquisas de psicologia em informática da PUC-SP, esse contato precoce só será benéfico se bem orientado.

"Essa dinâmica pode ter um lado bom, desde que a criança compreenda que, quanto mais se esforça, mais ganha. O problema é se ela não aceitar parar de ganhar", alerta. As amigas Victoria Borda e Renata Ávila, 11 anos, batalharam em casa até convencer os pais de que a assinatura valia a pena. "Mas não compro os brinquedos extras para não instigar o consumismo", diz a mãe de Renata, a contadora carioca Denise Ávila. Estimular o consumo entre crianças é mesmo arriscado, explica a professora do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, Leila Tardivo. "Que tipo de moral se está oferecendo? A de quem tem mais pode mais?" Eis a questão.

Meu primeiro e-mail - Estadinho

Meu primeiro e-mail

Que o pessoal que lê o Estadinho é conectado, disso ninguém duvida. Faz tempo que a a turma plugada navega por jogos online e sites divertidos. Mas chega um momento de ficar “grandinho” na internet. É a hora de ter o primeiro e-mail. Por quê? Ué, “para conversar com os nossos amigos”, eles respondem, de cara.

Fernando Valladares Gomes, de 9 anos, e Clara Arndt Borges, da mesma idade, criaram os seus e-mails no ano passado, com a ajuda de seus pais. “Fico fofocando com minhas amigas da sala e converso com meus primos do interior de Santa Catarina”, explica Clara, sem tirar os olhos de seu notebook. “Eu mando mensagens para a minha avó do Rio. Também falo com dois amigos, para saber quem de nós vai levar a bola na escola”, diz Fernando.

A dupla, assim como os irmãos Gabriel e Matheus Menasce, de 10 e 11 anos, quis ter e-mail próprio para poder mexer no MSN Messenger. “Só uso para isso”, diz Matheus. “Tenho 30 e pouquinhos amigos. A maioria é do meu prédio. Adoro usar aqueles emoticons de dar risada”, completa Gabriel.

A psicóloga Andrea Jotta, do Núcleo de Pesquisas da Psicologia em Informática da PUC-SP, diz que o e-mail é usado como uma ponte para a garotada entrar nos sites de relacionamentos, como o Habbo e Club Penguin, que exigem um para o cadastro.

A PALAVRA É: AUTONOMIA
“A partir dos 8 anos, já se tem maior autonomia e vem o desejo de interagir com a internet. Antes, com os joguinhos, a relação era apenas passiva”, comenta a psicóloga.

Foi com essa idade mesmo que o pessoal ouvido pelo Estadinho quis ter seu primeiro e-mail, com o objetivo de criar uma conta no Messenger. “ No e-mail você não fala toda hora e não descobre quem está conectado junto de você. Por isso que o MSN é tão legal”, conta Fernando. “Converso até com minha professora de inglês e ela só me deixa falar se for em inglês. É bom para eu treinar, né?”, fala.

O primeiro e-mail serve de janela para o incrível mundo da comunicação que existe na internet. Mas vale lembrar: tudo tem seu tempo. O fato de ter um e-mail não indica que você já esteja pronto para ganhar uma conta no Orkut, por exemplo.

AS REGRAS DO JOGO
Antes de criar sua conta de correio eletrônico número 1, o quarteto entrevistado teve uma boa conversa com seus pais . Os responsáveis por essa turminha têm a senha das contas dos pimpolhos, para saber onde estão navegando ou com quem estão conversando. Parece chato, mas é importante. Acreditem.

“Internet não é mundo de se esconder nada. É preciso deixar claro que a internet é um meio público e que as regras do mundo virtual são as mesmas do presencial”, ensina a psicóloga Andrea.

A loirinha Clara sabe que não deve conversar com estranhos na internet. Também aprendeu que não deve clicar em nenhum link suspeito. É a mesma coisa que não aceitar presentes de quem não se conhece.

É com essas lições que se aprende a usar a internet. Que o diga o aplicado aluno Fernando, que acaba de receber a aprovação dos pais para montar seu primeiro blog. “É sobre videogame! Divulga aí”, ele pede: www.nando-games.blogspot.com.
Assunto: Jornal

Bem-vindo à infância 00 - Folha de São Paulo

moda /minitecnologia

Bem-vindo à infância 00

iPod para ninar, sites próprios e videogames de última geração tirados de letra.Quem são as crianças de hoje em dia?



Julia Hossepian, 5, herdou um laptop do avô e tem até um site próprio

Julia Cotta Hossepian tem 5 anos, mas já usa podcasts com mais desembaraço que muito adulto por aí. É por meio deles que ela escuta as historinhas da avó, que vive em Minas Gerais. Para matar as saudades dela, a pequena usa a câmera e o microfone do laptop da mãe, a assessora de imprensa Priscila Cotta, de 28 anos.

Mesmo com tão pouca idade, Julia também ganhou um site próprio dos avós maternos, cheio de gifs animados e com links favoritos. Do avô paterno ela herdou um laptop e ali brinca com CD-ROMs de joguinhos. A irmã Laís, de apenas 2 anos, ainda não liga muito para eletrônicos ou internet, mas refere-se a tudo o que é da Barbie –incluindo aí sua escova de dentes– como "site da Barbie".

Prima de Julia, Lara Hossepian Hojaij tem 6 anos e acha que "só vai ganhar um celular com 15 anos...". Enquanto isso ela se diverte com o iPod do pai. Música preferida? "Hmmm, aquela assim: "I like Chopin... love me now and again", cantarola. Seu irmão, Matheus, de 8 anos, adora mandar e-mails e costuma escrever sempre para o pessoal do "Jornal Nacional", seus ídolos.

Pedro Souza Lima tem 7 anos e um corte de cabelo digno de um Rolling Stone. Mas gosta mesmo é de 50 Cent e Beyoncé. Usa Mac em casa e PC na escola, principalmente para jogos (já acabou vários) e para ver trailers de filmes.

Mesmo antes de saber ler, Rafael Mazza Policastro, 7, surpreendeu a mãe, a designer Patricia, 35, quando pediu que digitasse para ele o endereço do Cartoon Network na internet: "É só ponto com, mãe!". Hoje em dia, ele só pega no sono com o iPod para niná-lo.



Lara Hojaij, 6, guarda suas músicas preferidas no iPod

Nova infância, novos pais

Filhos da classe média e alta, estas crianças são uma síntese da nova infância. A geração que cresce no mundo ultratecnológico dos anos 2000 prefere TV a cabo à aberta, acessa a internet com facilidade, carrega celulares desde muito cedo e não se atormenta com as diferenças entre o mundo real e os virtual.
Há quem julgue que essa não é uma boa maneira de se passar a infância, em meio a tantos gadgets eletrônicos. Mas existem pais que discordam. "Acho ótima a infância atual. Há muito mais estímulos do que na minha época", diz Mauro Hossepian, 33, assessor de imprensa. "E a Julia tem tanto prazer em usar a internet, como em brincar no escorregador."

Nativos e cativos

Membro do Núcleo de Pesquisas de Psicologia em Informática da PUC-SP (NPPI), que estuda a relação dos homens com as tecnologias, a psicóloga Andrea Jotta Nolf não vê uma ameaça às crianças no acesso a computadores e outros acessórios de ponta. "A tecnologia não afrouxa relações entre pais e filhos, apenas preenche lacunas, criando casos de sedentarismo e babás eletrônicas. Crianças são naturalmente ativas, e no ambiente ideal elas rapidamente se cansam de fazer a mesma coisa por muito tempo", analisa.
Andrea explica que a idade que divide as novas crianças e as outras são os 10 anos. Até essa idade, elas são chamadas de "nativas", exatamente por terem crescido com todas as facilidades da tecnologia à mão. "Para elas a tecnologia não tem cunho de novidade, de exploração. Elas brincam de videogame e assistem TV, mas também seguem com a vida e fazem a lição de casa", afirma.
Segundo Andrea, com a banalização da tecnologia, estas crianças tendem a ser cada vez menos propensas ao exagero no uso das máquinas do que as gerações anteriores. Mas impor um limite é sempre bom. "Educação é a mesma coisa tanto na vida presencial como na vida virtual. Computador não é babá, mas uma ferramenta que abre caminhos para um novo mundo, com gente boa e ruim", diz Andrea.
A psicóloga, que também é mãe de duas crianças, só aconselha a navegação solitária dos pequenos pela internet se eles já tiverem bom senso para distinguir o que é confiável e o que é suspeito. Caso contrário procure estar sempre presente quando eles brincarem com a internet. Ela também não vê sentido em dar um celular enquanto a criança não começar a andar sozinha por aí.

Uma realidade múltipla

Muito mais do que acesso a um mundo de informações e pessoas, as novas tecnologias também são um ambiente perfeito para a criação de realidades "paralelas", caso do Second Life, um mundo absolutamente virtual na internet. "Hoje nós questionamos se o Second Life é uma segunda personalidade", conta Andrea. "Para nós, adultos, o real e o virtual ainda são muito distintos. Mas estas crianças lidam muito bem com a amplitude de personalidades que este mundo virtual propicia. É normal ser moreno na vida real e louro na virtual, por exemplo."
No âmbito pedagógico, há jogos eletrônicos nos quais você é um conquistador português que chega ao Brasil, por exemplo. "Isso está entrando com força nas escolas, mesmo para crianças de classe baixa, devido a iniciativas de doações de laptops mais baratos", diz a psicóloga. É graças a este conjunto de novas possibilidades que ela acredita que as crianças dos anos 2000 chegarão à vida adulta com uma desenvoltura intelectual e criativa muito maior do que a de gerações anteriores.

* O NPPI responde às dúvidas do público em relação ao uso de tecnologias, inclusive por e-mail.
Endereço: nppi@pucsp.br
Website: www.pucsp.br/nppi
por Gabriela Sampaio
fotos Paulo Ferreira

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Os Filhos da Era Digital

Leia o texto Os Filhos da Era Digital, disponível no site da Revista Época e debata com seus colegas as segujntes questões:
a. Como o uso da Internet transforma a aprendizagem nas crianças?
b. Caracterize os "nativos digitais" e os "imigrantes digitais" em relação a aprendizagem.
c. Qual a repercussão dos casos relatados nas nossas práticas pedagógicas?

Filhos da Era Digital
Gustavo Neno Altman é tão fanático por futebol que em seu aparelho dentário há um escudo do Corinthians gravado. Aos 9 anos, joga bola com os amigos, é assinante de um jornal esportivo, freqüenta estádios com o pai e tem um blog sobre futebol na internet. Todos os dias, ele lê os cadernos esportivos e resume em seu blog as notícias que o interessam. “Dá um trabalhão”, diz. “Mas não imagino minha vida sem internet.” Gustavo faz parte de uma geração que nasceu com o computador em casa: os “nativos digitais”. O termo foi cunhado pelo educador americano Marc Prensky, autor do artigo “Digital natives, digital immigrants” (“Nativos digitais, imigrantes digitais”), em que faz uma divisão entre aqueles que vêem o computador como novidade e os que não imaginam a vida antes dele. O artigo, de 2001, é um dos mais citados em publicações da área de educação, de acordo com o Instituto para a Informação Científica dos Estados Unidos.

Antes do artigo de Prensky, não havia um termo que definisse a geração que cresce imersa na tecnologia. Autor do livro Digital Game-Based Learning (Aprendizagem Baseada em Jogos Digitais) e criador de mais de cem games, ele afirma que as ferramentas eletrônicas são como extensões do cérebro dessas crianças. Elas fazem amigos pela rede, conhecem o mundo pelos buscadores, desenvolvem habilidades por meio de videogames, criam páginas pessoais em fotologs, blogs e sites de relacionamento. Além de navegar na internet, são capazes de operar outros aparelhos eletrônicos com muita facilidade, como celulares, iPods, controles remotos de DVD e TV, às vezes vários ao mesmo tempo. “Eles migram de um software para outro, como se trocassem a gangorra pelo balanço”, afirmou Prensky a ÉPOCA. Os “imigrantes”, de acordo com ele, são os que assistiram ao nascimento da internet e se adaptaram a ela. Ainda se lembram das primeiras conexões, quando a linha telefônica costumava cair, e normalmente não confiam na memória do computador a ponto de dispensar o papel. Apesar de acessar a rede com desenvoltura, os imigrantes preferem ler um artigo impresso. “É como mudar de país. As pessoas ficam até íntimas com o novo idioma, mas não perdem o sotaque.”

Os nativos digitais têm contato com a tecnologia logo após o nascimento. Crianças com menos de 2 anos já se sentem atraídas por vídeos e fotos digitais. A intimidade com o computador, porém, costuma chegar aos 4 anos. Nessa idade, já deslizam o mouse olhando apenas para o cursor na tela. Aos 5, reconhecem ícones, sabem como abrir um software e começam a se interessar pelos primeiros jogos virtuais, como os de associação ou de memória. Claro que, como em qualquer outra atividade, a desenvoltura nas telas variará de criança para criança. Aos 7, é a hora do primeiro grande marco tecnológico na vida dos nativos: eles criam um e-mail, a identidade para quem navega no mundo virtual. Em pouco tempo, a criança é capaz de “adicionar” – como se diz na linguagem da internet – uma série de amigos virtuais em sites de relacionamento. Aos 6 anos, Maria Eduarda Inácio criou sua página no Orkut antes mesmo de saber escrever o próprio nome. A pequena catarinense queria ter um álbum de fotos digitais que pudesse ser visto na casa da avó e das amigas. Em vez de um fotolog, Maria Eduarda pediu que a mãe criasse uma página no Orkut para ela. Os pais já eram usuários do maior site de relacionamento do Brasil. Maria Eduarda, hoje com 7 anos e quase alfabetizada, se interessa por grupos de afinidade – ela participa de comunidades. A mãe, Vanessa Cristina de Souza, de 23 anos, continua a escrever para ela no computador. Em uma dessas comunidades, “Duda não! Maria Eduarda”, a menina se agregou a outras 1.232 Marias Eduardas que, como ela, não gostam de ter o nome abreviado. Maria Eduarda também brinca de boneca no computador. Ela prefere a boneca virtual porque, segundo ela, “a de verdade não tem um guarda-roupa cheio de roupas cor-de-rosa e brilho – iguais às da Barbie”. A psicóloga Rosa Maria Farah, do Núcleo de Pesquisas da Psicologia em Informática (NPPI), da PUC de São Paulo, afirma que é bom a mãe estar sempre com a menina no computador, como é o caso de Maria Eduarda. “Nessa idade, é preciso ter cuidado em apresentar à criança não mais do que ela está preparada para receber.” Rosa Maria é uma das autoras do recém-lançado livro Relacionamentos na Era Digital (ed. Giz Editorial), uma coletânea de artigos de psicólogos. Eles foram unânimes em dizer que essa nova geração articula idéias de forma mais rápida e abandonou a lógica linear, com começo, meio e fim.

No Brasil, de acordo com uma pesquisa do Ibope/NetRatings de fevereiro, dos 32,1 milhões de internautas brasileiros, 1,35 milhão são crianças na faixa entre 6 e 11 anos. Nos últimos dois anos, esse número cresceu em 462 mil, e a tendência é que aumente muito, com a entrada de novos nativos digitais nessa estatística. Nos Estados Unidos, cerca de 90% da população entre 2 e 15 anos usa computadores. Os educadores dizem que não há mais como o PC não fazer parte do cotidiano dessa garotada. Eles afirmam que tantos os jogos lúdicos quanto os softwares educacionais podem ser benéficos, porque auxiliam no raciocínio e, conseqüentemente, na evolução mental. Pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, publicaram no ano passado um estudo com alunos de escolas públicas americanas no qual concluem que o rendimento escolar dos alunos que usam computadores para pesquisas e jogos educativos subiu de 72% para 79%. No Brasil, a professora Maria Teresa Freitas, coordenadora do Grupo de Pesquisa e Linguagem da Universidade Federal de Juiz de Fora, que estuda a escrita dos adolescentes na internet, afirma que eles “lêem e estudam mais com a rede”. Para ela, os blogs, os diários virtuais, também são boas ferramentas para a escrita. A professora afirma que as conversas nos chats – espaço para os papos virtuais – contribuem para o pensamento crítico e ajudam a desenvolver uma melhor argumentação. Quando s as crianças discutem um livro ou uma música pelo chat, são obrigadas a pensar no assunto e explicá-lo de forma rápida. Segundo pesquisa do Centro de Integração Empresa-Escola, 64,8% dos alunos do ensino médio usam a rede para ler e-mails, 64,1% para trabalhos escolares e 57% têm página no Orkut. A menina Jade Souza, de 9 anos, está entre as crianças que usam a internet para fazer lições de casa. Recentemente, ela aprendeu sobre reciclagem, quando fazia uma pesquisa sobre esse tema na rede. “Descobri que a natureza está sofrendo muito por causa do lixo”, diz Jade. Depois da descoberta, ela pediu à mãe que evitasse sacolas de plástico e fizesse a reciclagem das embalagens de leite e iogurte.

As pesquisas com resultados positivos não significam que a internet seja uma solução mágica para as dificuldades escolares das crianças. Nem que seja adequado privilegiar o mundo virtual em detrimento do aprendizado tradicional. Hoje as crianças são alfabetizadas, ao mesmo tempo, na linguagem digital e na analógica. Na rede, os nativos digitais se comunicam com uma linguagem própria, derivada do português e repleta de gírias e abreviações, como o “naum” que significa não. Na hora de fazer tarefas ou exames escolares, as crianças entrevistadas por ÉPOCA admitiram adotar, às vezes, as abreviações usadas na internet, como pq em vez de porque, nas provas escolares. Todas disseram, porém, que os professores não aceitam essas abreviações. Mas não foi só a linguagem que mudou. De acordo com um estudo publicado em agosto deste ano pelo Berkman Center for Internet & Society, da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, as novas tecnologias modificaram a maneira como as crianças aprendem. Na época dos “imigrantes”, a lógica era ter começo, meio e fim, porque era assim que as informações chegavam aos pequenos leitores de enciclopédias e livros didáticos. Não mais. Como hoje a principal fonte de informação é a internet, os assuntos nunca estão isolados, e sim ligados a temas correlatos. Cabe ao nativo digital escolher quando termina sua busca.

A internet é cheia de hiperlinks, as janelas sem fim. Um site remete a outro, e assim sucessivamente. Ao contrário do que alguns educadores pensavam, as crianças fascinadas com o mundo virtual não se perdem nos sites de buscas. “Os nativos não se surpreendem com a imensidão da rede. Eles sabem que ela é quase infinita e, por isso, não abrem o espectro mais do que precisam”, diz Agnaldo Arroio, do Departamento de Ensino e Formação de Professores da USP. Junto com a facilidade de lidar com vários aparelhos eletrônicos ao mesmo tempo, a relação com o computador transforma a mente das crianças. “O reflexo disso é um cérebro cheio de conexões, ativado por várias partes que realizam tarefas aparentemente simples”, diz Geraldo Possendoro, especialista em Neurociências e Comportamento da Universidade Federal de São Paulo. Um dos maiores impactos no modo de pensar são os videogames. Neles, “o fator mais importante na hora de responder é a velocidade”, diz Possendoro. Para não perder o jogo, a criança precisa ser rápida na avaliação das opções que tem e tomar uma decisão certeira. Se bobeia, perde o jogo. Essa análise instantânea das informações faz com que ela desenvolva maior capacidade cognitiva. Mas a velocidade carrega um efeito potencialmente ruim, de acordo com Claudemir Viana, do Laboratório de Pesquisa sobre Criança, Imaginário e Televisão da Universidade de São Paulo. “Elas podem perder a reflexão”, diz. As crianças também se tornaram mais sintéticas. De certa forma, impacientes com quem não tem as mesmas habilidades que elas na internet. “A garotada não consegue entender como a gente faz o caminho mais longo em vez de usar os atalhos”, diz Arroio, da USP. Eles têm dificuldades para assimilar a tecnologia superada. “O sistema operacional DOS, o primeiro usado em computadores domésticos pelos “imigrantes”, soa como um bicho-de-sete-cabeças para eles”, afirma Marc Prensky.
A internet tem um papel diferente para meninos e meninas na pré-adolescência. Aos 10 anos, as meninas já estão interessadas em conhecer outras crianças, enquanto os meninos dão prioridade aos jogos competitivos. “Elas vão para os blogs e eles para os games”, diz a psicóloga Andréa Jotta Ribeiro, da PUC-SP, que estuda a relação de crianças com as novas mídias. Quando entram na internet, a rede passa a ser um dos principais canais onde eles buscam aceitação. Nas comunidades, devido às afinidades cibernéticas, os nativos digitais se relacionam com garotos de outros países, tendo acesso a outras culturas e costumes. Foi o que aconteceu com Guilherme Moura Ignácio, de 9 anos. Logo que foi alfabetizado, ele criou um endereço eletrônico no Google e passou a usar o Messenger. Hoje, Guilherme faz amigos estrangeiros, mesmo sem falar o idioma deles. “Eu ainda não sei falar inglês. Mas, no jogo, a gente não precisa saber a língua do outro para se entender”, afirma. Guilherme entra em sites internacionais à procura de vídeos que dão dicas para “capturar personagens”, como os do desenho animado Pokémon. Ele às vezes pede ajuda ao irmão, Frederico, de 11 anos, fã do videogame Wii e de literatura juvenil com temas mitológicos. “Hoje as crianças não ligam para a distância geográfica. Na verdade, elas não suportam a barreira digital”, diz Pierre Lévy, filósofo e pesquisador na área de inteligência coletiva na Universidade de Ottawa, no Canadá. Autor de uma dezena de livros sobre o mundo virtual e consultor de vários governos sobre cibernética, ele afirma que “para as crianças estar no mundo é estar conectado. E isso dá uma sensação de tranqüilidade”.

Se no mundo real os grupos só se formam depois da empatia e da amizade, no virtual os meninos e meninas primeiro optam por integrar a mesma comunidade, e só depois passam a se conhecer melhor. Para os nativos, a rede é o meio de comunicação mais usado, seja com o pai e a mãe, seja com crianças desconhecidas, como eventuais parceiros de videogame. Será saudável uma criança ter esses relacionamentos virtuais? Dá para confiar num amigo se você nunca o viu? As comunidades são infinitas e se ampliam à medida que aumentam os interesses das crianças. Elas estão numa idade em que desejam fazer parte das turmas, ser aceitas. O pesquisador canadense Lévy afirma que uma criança de 12 anos chega a ter mais de 200 amigos em sites de relacionamento. Ele alerta sobre o fato de que cerca de 30% delas não conhecem a verdadeira identidade desse amigo. Lévy acredita que manter relações virtuais “é inevitável no mundo digital”. Isso não pode ser considerado bom ou ruim. “Tudo vai depender da forma como acontece na vida desses garotos”, diz. Algumas crianças encontram na internet o ambiente perfeito para novas experiências. Pode ser uma primeira declaração de amor, falar sobre o primeiro beijo ou escrever mensagens bonitas para conquistar o garoto ou a garota. Na rede, fora da vista do outro, é comum que as crianças consigam dizer o que não têm coragem de declarar pessoalmente.

Uma preocupação constante dos pais são os sites de pornografia e os pedófilos que conseguem se infiltrar nas comunidades, às vezes se passando por crianças. O Instituto WCF-Brasil (Childhood Brasil), patrocinado pela rainha Silvia, da Suécia, acaba de lançar a cartilha Navegar com Segurança, que orienta os pais sobre como evitar que seus filhos caiam na rede da pedofilia. A brochura, que está sendo lançada em todo o país, faz parte da campanha Só um Adulto Identifica um Pedófilo. Pais, Saibam o Que seus Filhos Andam Vendo na Internet. Os educadores recomendam a supervisão intensiva das crianças. “Eles podem procurar a s palavra leão e aparecer um site de pornografia”, diz o educador Júlio Groppa Aquino, da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. Pais que não têm como acompanhar de perto o acesso de seus filhos à internet devem estabelecer regras claras para o uso do computador (leia o quadro). O Manual da Criança Tecnológica, da organização não-governamental nova-iorquina Center for Children and Technology (Centro para Crianças e Tecnologia), recomenda que os pequenos internautas não fiquem mais de duas horas em frente a um computador.

O pediatra Fábio Ancona Lopez afirma que uma maneira de fiscalizar melhor o filho é deixar o computador em uma área de acesso em comum, e não no quarto da criança. Isabella Marti, de 7 anos, usa o computador que está no escritório dos pais, e apenas uma hora por dia. O pediatra também faz outro alerta. Ele diz que alguns pais usam o computador como a babá eletrônica do século XXI, como antes era feito com a televisão. Para manter a criança ocupada, pai e mãe incentivam o uso da internet. Isso pode gerar o vício no computador, que leva a criança a substituir as relações de carne e osso pelas virtuais. “É bom ficar de olho se a criança passa a se interessar mais pelo amiguinho virtual que pela turma da escola ou da rua”, diz Ancona Lopez. Estimulá-la a participar de atividades em grupo, como esportes coletivos, pode ajudar a impedir a solidão cibernética. “A rede também é um dos espaços para a solidão. Muitas vezes a navegação é uma fuga da realidade”, diz Andréa, da PUC.

Como toda grande inovação tecnológica, a revolução digital traz seus riscos, junto com o imenso potencial transformador. Para os imigrantes digitais, a velocidade das mudanças pode ser assustadora. Os que são pais enfrentam um desafio adicional. Mesmo sem dominar o mundo novo, devem servir de bússola para os navegantes mirins.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Volta às aulas e as crianças cibernéticas: Hora de colocar os pequenos virtuais de volta aos combinados do mundo presencial Andréa Jotta – psicóloga componente do NPPI

Televisão, vídeo games, MP3, ipod´s, DS, PSP, Celulares e Computadores. Do vídeo game ao computador: desde então, vendo tv ou baixando musicas, códigos de jogos, ou qualquer outro mistério virtual, parece que nestas férias nossos pequenos conectados passaram muito mais tempo do que gostaríamos mergulhados no virtual.

O contexto das grandes cidades com espaços ao ar livre reduzidos, a violência, e os adultos cansados e impacientes compõe a fórmula ideal para os excessos que normalmente acontecem nos períodos de férias.

Quem viajou com crianças, também não ficou livre dos brinquedos tecnológicos. Nada mais fácil do que viajar horas de carro com as crianças ligadas em seu filme de dvd preferido. As reclamações que antes começavam na primeira meia hora, aplacadas como o famoso “já estamos chegando”, só começam se o filme acabar ou o DVD portátil, adquirido por 200,00 em qualquer lojinha de importados chineses, travar.

Assim, parece que a tecnologia agrada aos pequenos, mas também facilita muito a vida dos adultos. Já não discutimos mais as diferenças de infância entre pais e filhos, pois sabemos que o mundo mudou muito e parece ainda vai mudar bastante nos próximos tempos. Que a relação dos adultos e das crianças é diferente, em relação aos brinquedos e aparelhos tecnológicos já parece fácil entender, mas não podemos esquecer que algumas regras, valores e éticas, podem e devem ser mantidos, apesar dessa visível diferença.

Por exemplo, mesmo que essas crianças tenham excedido seu tempo de lazer virtual durante as férias escolares, isso não quer dizer que tenham adquirido o direito de aumentar seu uso quando a vida pós-férias é retomada. Também não adquiriram o direito de serem mal educados, berrarem, ou desrespeitarem os adultos e os amiguinhos, só porque não querem sair ou emprestar o joguinho ou o computador.

As crianças abusaram mesmo do uso de brinquedos tecnológicos nesse período, e os adultos fizeram pequenas concessões quanto a esse uso excessivo, afinal, nada mais tranquilo e gostoso do que fechar 3 ou 4 meninos em um quarto num torneio de vídeo game. Agora, tentem imaginar o que aconteceria com esse mesmo quarto, e com esse mesmo adulto (coitado) caso resolvesse fechar esses mesmos 3 ou 4 meninos nesse mesmo quarto, só que sem o vídeo game !!!

Então, como vemos, os abusos acontecem, na medida em que os dois lados envolvidos nessa relação obtêm algum lucro com o arranjo estabelecido. Ok, não se sintam culpados por isso, pois uma boa relação é aquela na qual todos obtêm algum ganho, e, acredite, muitos adultos fizeram igual a você.

Mas, veja bem, isso não significa, que as crianças já estão aptas a determinar o tempo que podem ficar no virtual. Ainda são os pais - que cuidam das crianças (ou o adulto presente) - que determinam essa medida.

Com a volta às aulas, mesmo sob raios, trovões e muita mal-criação, os combinados anteriores terão que ser retomado, para que no novo momento a relação equilibrada.

As férias acabaram, e do mesmo modo que temos que ‘voltar da praia’ mesmo sendo ela muito divertida, temos que voltar do ciberespaço, mesmo ele sendo muito divertido. E não vale chorar, espernear, gritar ou ser mal educado por isso. Nenhum pai ou mãe deixou seu filho na praia, só porque ele teve esse tipo de comportamento, certo? Então, porque largá-lo no virtual, quando surgir a birra ?

Jornal da Cultura 0219

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